Paixão pela música e pelos acordes
A paixão, dizem os especialistas, faz com que as pessoas conheçam seus limites e cometam sacrifícios que aos olhos dos outros parecem loucura. O que o autônomo João Batistas Amado da Rocha, 57 anos, faz todas as tardes de quinta-feira pode soar estranho para amigos e colegas, mas para ele é algo que gratifica e rejuvenesce.
Residente no município de José de Freitas, a 52 km de Teresina, seu João Batista, como é chamado pelos colegas de sala, encara mais de uma hora de viagem para se encontrar com o que mais gosta: música. Na sede do Projeto Música Para Todos, ele aprende um pouco de teoria e aperfeiçoa seus conhecimentos de violão popular.
O instrumento, aliás, foi adquirido há mais de 25 anos, quando nem sonhava em frequentar as salas de aula para aprender os primeiros acordes. Ele conta que assim que casou, ganhou o violão da esposa de presente. Como não sabia tocar, deixou-o guardado em um local que pudesse apenas olhar. “Nunca tocava porque não sabia, mas sempre adorei ter aquele objeto musical em casa”, frisa o autônomo.
Há quase dois anos, o violão deixou de ficar apenas em um canto da casa e passou a frequentar as festas da família. A realidade começou a mudar, de acordo com seu João Batista, quando conheceu o trabalho do Música Para Todos e resolveu se matricular. “Assisti a duas aulas e, quando me candidatei a vereador, me afastei”, relembra. Como não saiu vitorioso, resolveu retornar às aulas de música.
E, depois de dois anos com aulas semanais, ele relata que já toca alguma coisa. A que ele não esquece é “Parabéns pra você”. “Foi minha primeira música. Tocava nos aniversários para ganhar o bolo”, brinca seu João, que diz gostar de tocar as músicas da dupla Zezé de Camargo e Luciano e canções católicas.
Aluno aplicado e dedicado
Seu João Batista é aquele aluno aplicado e dedicado ao que faz. Sua paixão pela música e pelos acordes do vilão é tão grande que, além de frequentar as aulas, ele participa de outras atividades desenvolvidas pelo Projeto Música Para Todos. “Não perco uma churrascada musical. E, se não venho assistir aula, é porque estou doente”, comenta. A churrascada acontece todo mês e é regada a muita música.
A determinação e a dedicação fizeram com que o autônomo se tornasse um exemplo para os demais alunos do projeto. De acordo com o professor José Brandão, que ministra as aulas de violão, seu João “é um dos alunos mais determinados do projeto. Mesmo morando em outra cidade, ele chega bem antes da aula começar”. O professor complementa que João Batista é o retrato da motivação.
O autônomo aproveita para dar um conselho àqueles que gostariam de estudar música e deixam a vontade de lado porque acham que o tempo passou. “Eu me acho um menino. Certo dia eu estava aqui no intervalo de uma aula e vi uma senhora de 79 anos pegar um violão e tocar Brasileirinho. Depois ela largou dizendo que nem gostava muito. O que ela queria mesmo era a sanfona. Como poderia me sentir velho?”, relembra. “Música é muito bom. Onde tem música, tem alegria”, finaliza seu João Batista com mais uma canção no repertório.