DR. NORONHA: UM ANO DE SAUDADE
Faz um ano que o Dr. Antônio Noronha Filho nos deixou, não diremos que ele morreu, pois isso seria negar todo o seu legado que está entre nós e que o manterá sempre vivo. Um homem a frente de seu tempo, generoso, amoroso, intelectual, talentoso e amigo de todos, especialmente, amigo de seus amigos e muito amado por eles.
O médico de crianças e adolescentes Noronha Filho ficou conhecido pela sua forma diferenciada de atender aos pacientes, unindo medicina alopática com uma abordagem psicológica, bem como pelo seu envolvimento na cena cultural de Teresina.
Antônio Noronha era dono de uma visão muito ampla: médico de crianças e adolescentes, especializado em Hebiatria, terapeuta sexual, cinéfilo, cineasta, ex-secretário de cultural, ex-prefeito de Monsenhor Gil, primeiro mestre em Pediatria no Piauí, primeiro a trabalhar com o conceito de agente comunitário de saúde (em 1984, quando foi prefeito), professor aposentado da cadeira de Pediatria da UFPI.
Gostava de dizer que seu objetivo era viver da melhor maneira possível, tendo qualidade de vida. Chegou a declarar em uma entrevista: “Atualmente vivemos em um mundo de uma religião chamada dinheiro, do consumismo, onde se vale pelo que se mostra. Viramos de consumidores a consumistas. Minha felicidade ainda hoje é preparar minha própria comida.”
Dr.Noronha também disse que, caso não fosse médico seria artista, cineasta, músico, coreógrafo, dançarino, mas sua paixão sempre esteve focada na Sétima Arte. Contemporâneo e amigo de Torquato Neto escreveram para diversos jornais da época e produziram suplementos culturais, como o Jornal O Grama (mimeografado) A Hora Fatal (suplemento no Jornal A Hora), Estado Interessante (Jornal O Estado).
Com Torquato também produziu na década de 70, muitos filmes em Superoito como O Terror da Vermelha, Adão e Eva do Paraíso ao Consumo, filme que se encontra perdido até hoje, e que o Dr. Noronha fez um livro com as fotografias feitas durante as filmagens. Outro trabalho em Superoito importante do Dr. Noronha é o O Guru das Sete Cidades.
Antônio Noronha deixou também trabalhos recentes como Tio João (Festival JB de Curta Metragem) e Balandê Baião, que é de 2005 e foi escolhido entre os cinco melhores do Brasil, sendo exibido na Alemanha.
Dr. Noronha, morreu aos 71 anos, teve uma obra e uma vida dedicadas ao conhecimento e a cultura. Como médico cuidava das pessoas e mostrava seu amor ao próximo. Como agitador cultural queria sempre estar no olho do furacão e gostava. Foi presente e, até mesmo, personagem principal, em diversos momentos importantes da cultura do Estado do Piauí.
Aqui no Projeto Música Para Todos, Dr. Antônio Noronha é uma personalidade que recebeu, ainda em vida, nosso reconhecimento. Uma foto dele está no painel da Sala Agostinho Pinto ao lado de outro grande nome, o Maestro Emanuel Coêlho Maciel.
Isso é só uma pequena mostra do carinho e admiração que sempre tivemos por esse grande amigo, que marcou uma época e que com certeza, continuará ressoando eternamente para nós e para todos que conheçam seu legado.